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quarta-feira, 30 de junho de 2010

Brincar ou não brincar, eis a questão.

Nada como uma recreação para que seus alunos mais jovens do ensino fundamental fiquem empolgados, felizes com a possibilidade de poder brincar na escola. Eles se amontoam perto de você te perguntando qual será a brincadeira, quais os materiais que serão usados, uma verdadeira loucura, e se você conseguir gerenciar bem a coisa vai ter como recompensa um punhado de sorrisinhos sinceros e olhinhos brilhantes de felicidade.

Em contrapartida, nossas escolas vivem em uma cultura escolar muito tradicionalista, muito semelhante ao modelo jesuíta implantado em nosso território no inicio da colonização: uma aula expositiva centrada nos conteúdos. Este modelo assume que os alunos têm que ficar quietos, organizados em fileiras diante da lousa, qualquer ruído ou movimento fora do padrão é repreendido. Esse sistema esquece que crianças são crianças! Trata a recreação como uma atividade vã e inútil.

Crianças precisam se movimentar, é da natureza delas o movimento afim de conhecer seus corpos e o mundo através deles. Fazer com que a criança fique sempre parada é sabotar seu desenvolvimento psicomotor, gerando nelas dificuldades que podem perdurar pelo resto de suas vidas, problemas como falta de lateralidade e de noção espaço temporal, por exemplo.

Brincar é uma ótima forma de aprender múltiplos conteúdos de uma só vez, porém é uma abordagem complexa em contraposição as nossas escolas cartesianas onde todo conteúdo a ser ensinado é dividido e desconectado tratando as matérias como coisas que não tem reação entre si. Muito se fala sobre multidisciplinaridade. Ela recebe até uma atenção especial nos PCNs, mas na prática pouco é feito sobre isso em nossas escolas, a ponto de que aqueles que ensinam matemática, português ou qualquer outro conhecimento de maneira lúdica ou recreativa é visto com estranhamento.

Afinal, não seria a alfabetização um intrincado quebra-cabeças onde símbolos são combinados formando palavras, frases, textos e livros? É um pouco diferente dos quebra-cabeças de montar imagens, mas se montamos aqueles comprados em loja de brinquedos com prazer, por que não poderíamos fazer o mesmo com aquele cheio de letras que ganhamos na escola através de nossas professoras de língua portuguesa?

2 comentários:

  1. Olá Cosme!
    A educação física, como recreação ou não, pode ser excludente por conta do seu caráter competitivo, muitas crianças que não gostam de jogos coletivos acabam ficando de lado por não serem incentivados outros tipos de jogos, além disso, muitos professores não discutem o caráter político desta disciplina.
    Vai ai dicas para a discussão no blog!

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  2. Verdade, jogos cooperativos e competitivos dá muita conversa. Ia te responder aqui mesmo, mas achei um tema muito amplo e depois vou fazer um post sobre isso,valeu pela dica, um abraço.

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